Volume recorde e novas exigências do Plano Safra 2025/2026
Foi anunciado em julho o novo Plano Safra 2025/2026, com a liberação de um volume recorde de R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial.
O número impressiona e transmite a ideia de incentivo ao crescimento do agro brasileiro, mas a leitura atenta do plano mostra que o momento exige mais do que entusiasmo: exige estratégia, organização e atenção às novas exigências legais, ambientais e operacionais.
Recursos mais altos, porém mais caros
Diferente dos anos anteriores, os recursos estão mais altos, mas também mais caros. As taxas de juros subiram em praticamente todas as linhas. No Pronamp, por exemplo, a taxa foi de 8% para 10% ao ano. Custeio empresarial passou para 14%. Inovagro, Proirriga e investimentos empresariais chegaram a 12,5%, enquanto o Moderfrota subiu para 13,5%.
Para o produtor que não tiver o controle exato sobre seus custos e margens, esses financiamentos podem se tornar um peso.
Sustentabilidade como critério, não mais sugestão
Por outro lado, há incentivos. Linhas como o RenovAgro mantêm descontos de até 0,5 ponto percentual nas taxas de juros para quem adota práticas sustentáveis. Essa é, aliás, uma das marcas mais fortes do novo Plano Safra: sustentabilidade deixa de ser recomendação e passa a ser critério de concessão de crédito rural.
A regularidade ambiental, a recuperação de áreas degradadas, o plantio direto, o uso de cobertura de solo e a produção de mudas florestais são, agora, elementos centrais no acesso ao financiamento. O plano reforça a agenda verde dentro do campo e sinaliza que, em breve, quem não estiver adequado simplesmente deixará de operar com crédito oficial.
Atualizações importantes no enquadramento e acesso
Além disso, o programa traz outras novidades. O limite do Pronamp foi reajustado para R$ 3,5 milhões de receita bruta anual, atualizando a classificação do médio produtor rural. Também foi ampliado o acesso ao Funcafé para produtores do Pronaf e Pronamp, e o subprograma de armazenagem (PCA) dobrou seu limite de 6 mil para 12 mil toneladas, o que reduz o custo por unidade armazenada.
Custeio antecipado e limitações do Proagro
Outra inovação relevante é o custeio antecipado de insumos pecuários, que permite planejamento e melhores negociações de compra. No entanto, o Proagro, tradicional programa de proteção à agricultura familiar, entra no novo ciclo com sérias restrições orçamentárias. Após anos de aumento de indenizações provocadas por eventos climáticos extremos, como secas, geadas e enchentes, o governo sinaliza limitação de verbas, o que torna incerta sua efetividade para o ciclo atual.
Diante disso, o seguro agrícola privado passa a ser uma ferramenta de gestão de risco cada vez mais necessária.
Prepare-se para acessar os recursos com segurança
O recado é claro: o Plano Safra está mais robusto, mas também mais exigente. É preciso estar preparado para acessar os recursos com segurança. Isso inclui revisar o enquadramento produtivo e fiscal, organizar toda a documentação da propriedade (especialmente ambiental), planejar o uso do crédito com critério técnico e, acima de tudo, contar com uma assessoria jurídica especializada.
Crédito rural: alavanca ou armadilha?
O crédito rural, quando bem utilizado, é uma alavanca de crescimento. Mas quando contratado de forma equivocada, com taxas mal compreendidas ou finalidades mal definidas, pode ser o início de um passivo difícil de reverter. A complexidade das regras atuais exige atenção redobrada, principalmente em um cenário de juros altos e margem de lucro apertada.
A importância da orientação jurídica preventiva
O produtor rural brasileiro é resiliente, inovador e comprometido com a produtividade. O que falta, muitas vezes, é orientação jurídica preventiva para garantir que o crescimento financeiro esteja lastreado na legalidade, na sustentabilidade e na segurança dos contratos. É nisso que acreditamos. E é para isso que trabalhamos.
Conclusão: quem se antecipa, colhe melhor
Se você é produtor, gestor ou cooperado e pretende acessar os recursos do Plano Safra 2025/2026, procure sua equipe técnica e seu advogado de confiança. Organize sua propriedade como empresa. Seja exigente com a formalização dos seus atos. E saiba que, no agro de hoje, quem se antecipa, colhe melhor.